1. COMO É FEITO O EXAME?

Para a realização de endoscopia digestiva alta, é necessário jejum de pelo menos 8 horas. Isso possibilita o esvaziamento do estômago e a plena visualização da mucosa, sem a presença de resíduos alimentares. O paciente deverá ir acompanhado de adulto que possa conduzi-lo até sua residência ao final do procedimento. Inicialmente, são administradas algumas gotas de medicação antigases por via oral. Um spray anestésico é borrifado na garganta para reduzir a sensação da passagem do aparelho pela orofaringe. Em seguida, medicamentos sedativos são administrados na veia para promover relaxamento e rápida indução do sono (sedação leve). Pacientes muito idosos ou debilitados serão avaliados e podem não receber sedativos.

O paciente é posicionado em decúbito lateral esquerdo com acessório plástico em sua boca. Através desta, é introduzido aparelho flexível de videoendoscopia, permitindo a visualização direta em monitor durante todo o procedimento, que demora cerca de 10 minutos nos exames diagnósticos e cerca de 30 minutos em procedimentos terapêuticos. Toda a mucosa é avaliada, compreendendo o esôfago, estômago, até o início do intestino delgado (duodeno). São obtidas fotos de áreas específicas para documentação e, se necessário, coleta de biópsias para análise histopatológica. O procedimento é realizado sob monitorização contínua da frequência cardíada e oxigenação sanguínea através de monitor específico.

Todo o exame é realizado durante o sono induzido ao paciente, que é despertado após a retirada do aparelho. Ele permanecerá em um local tranquilo, chamado recuperação anestésica, onde ficará em repouso por alguns minutos até recuperar toda a consciência, e receberá as informações sobre o exame. Após a saída da clínica, poderá ingerir alimentação leve e retornar a sua residência. Amnésia temporária é considerada normal em virtude dos sedativos empregados. No dia seguinte, deverá retornar às suas atividades habituais.

2. QUAIS AS INDICAÇÕES PARA O EXAME?

• Pacientes com mais de 40 anos apresentando queixas de má digestão persistente (empachamento, dor abdominal, náuseas frequentes)
• Dispepsia associada a sinais de alerta (anemia, hemorragia digestiva, vômitos, massa palpável)
• Entalo progressivo após ingestão de sólidos ou líquidos
• Sangramento através de vômitos ou pelas fezes
• Perda de peso mesmo com dieta habitual
• Parentes de primeiro grau com história de câncer digestivo (esôfago, estômago, intestino)
• Sintomas de refluxo que persistem ou recidivam apesar da terapêutica adequada
• Para avaliar dano no trato digestivo alto após ingestão de substâncias cáusticas
• Remoção de corpo estranho no trato digestivo alto
• Colocação de sonda enteral, gastrostomia ou jejunostomia percutânea
• Dilatação de estenoses (áreas estreitadas)
• Seguimento periódico em casos de lesões pré-malignas
• Pré-operatório de cirurgia bariátrica

3. EFEITOS ADVERSOS

A endoscopia digestiva alta é um método diagnóstico seguro, com taxas mínimas de complicações. As principais são dor leve e vermelhidão no local da punção venosa (flebite), que pode acontecer em até 5% dos casos, dependendo das medicações empregadas e sua diluição. Eventos cardiovasculares como hipotensão ou hipertensão, queda na oxigenação sanguínea ou arritmias cardíacas são mais raras, acontecendo em cerca de 0,2% dos exames, e são detectadas prontamente através da monitorização contínua. Seu endoscopista é habilitado a tratá-las adequadamente com manobras e medicamentos específicos.

Exames especiais terapêuticos para realizar dilatações em estenoses, polipectomias, ligadura ou esclerose de varizes esôfago-gástricas, ou em procedimentos de ressecção (mucosectomia, dissecção submucosa), apresentam taxas mais elevadas de riscos, como sangramento ou perfuração.

Pacientes que usam anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários devem informar ao endoscopista antes de iniciar o procedimento, para adequação ao exame, minimizando riscos adicionais.

4. PÓS PROCEDIMENTO

Após total recuperação da consciência, o paciente receberá as informações sobre o exame, como laudo escrito, orientação sobre biópsias coletadas ou teste rápido da urease, medicamentos adicionais quando necessários e retorno ao médico solicitante. A análise histopatológica será realizada por outra equipe, de anatomia patológica, em clínica conveniada com sua operadora de saúde.