1. COMO É FEITO O EXAME?
A ecoendoscopia pode ser realizada por via alta, através da boca, ou pela via baixa, através do reto. As principais indicações são para o estudo de lesões do trato digestivo alto, no esôfago, estômago, duodeno, pâncreas, fígado, vesícula biliar, canais biliares e pancreáticos. A maioria dos exames é realizada com fins diagnósticos, em caráter ambulatorial.
Para a sua realização, é necessário jejum de pelo menos 8 horas. Isso possibilita o esvaziamento do estômago e a plena visualização da mucosa, sem a interferência de resíduos alimentares. O paciente deverá ir acompanhado de adulto que possa conduzi-lo até sua residência ao final do procedimento. Inicialmente, são administradas algumas gotas de medicação antigases por via oral. Um spray anestésico é borrifado na garganta para reduzir a sensação da passagem do aparelho pela orofaringe. Em seguida, medicamentos sedativos são administrados na veia para promover relaxamento e rápida indução do sono (sedação profunda). Pacientes muito idosos ou debilitados serão avaliados e podem receber sedação leve. Em casos selecionados, poderá ser realizada punção de lesões alvo, principalmente no pâncreas, com o auxílio de finas agulhas que passam através do aparelho. Este procedimento é indolor e não é percebido pelo paciente.
Recentemente, foram adicionados procedimentos de terapia, como drenagem de coleções pancreáticas, embolização de tumores irressecáveis, injeção de quimioterápicos sob visão direta ou instalação de próteses nos canais biliares e pancreáticos. Estes casos são realizados em caráter hospitalar.
Na sala de exame, enfermeira e médico anestesiologista serão responsáveis pela punção venosa e administração de soro e sedativos (fentanil, midazolan, propofol). Será posicionado em decúbito lateral esquerdo com os joelhos fletidos em posição confortável. Se necessário, receberá oxigênio suplementar através de cateter ou máscara. O procedimento leva cerca de 20 minutos nos exames diagnósticos e 40 minutos nos exames terapêuticos.
Todo o exame é realizado durante o sono induzido ao paciente, que é despertado após a retirada do aparelho. Ele permanecerá em um local tranquilo, chamado recuperação anestésica, onde ficará em repouso por alguns minutos até recuperar toda a consciência, e receberá as informações sobre o exame. Após a saída da clínica, poderá ingerir alimentação leve e retornar a sua residência. Amnésia temporária é considerada normal em virtude dos sedativos empregados. No dia seguinte, deverá retornar às suas atividades habituais.
2. QUAIS AS INDICAÇÕES PARA O EXAME?
• Avaliação de lesões subepiteliais do esôfago, estômago, duodeno e reto
• Estadiamento de tumores de pulmão
• Estadiamento de tumores do esôfago
• Estadiamento de tumores do estômago
• Estadiamento de tumores do pâncreas
• Estadiamento de tumores do mediastino
• Estadiamento de tumores do fígado
• Estadiamento de tumores da vesícula biliar
• Estadiamento de tumores do reto
• Punção aspirativa de cistos ou nódulos pancreáticos
• Injeção de substâncias esclerosantes em linfonodos para alívio da dor crônica em câncer de pâncreas ou pancreatite crônica
• Injeção de quimioterápicos em tumores irressecáveis
• Drenagem de coleções pancreáticas
• Drenagem dos canais biliares ou pancreáticos
• Punção de nódulos suspeitos de endometriose ovariana
3. EFEITOS ADVERSOS
A ecoendoscopia alta é um método diagnóstico seguro, com taxas mínimas de complicações. As principais são dor leve e vermelhidão no local da punção venosa (flebite), que pode acontecer em até 5% dos casos, dependendo das medicações empregadas e sua diluição. Eventos cardiovasculares como hipotensão ou hipertensão, queda na oxigenação sanguínea ou arritmias cardíacas são mais raras, acontecendo em cerca de 0,2% dos exames, e são detectadas prontamente através da monitorização contínua. Seu endoscopista é habilitado a tratá-las adequadamente com manobras e medicamentos específicos.
Em casos onde são coletadas amostras de cistos ou nódulos de pâncreas, podem ocorrer pancreatite, perfuração ou hemorragia, que acontecem de 0,5% a 5% dos casos. Pode ser necessário o uso prolongado de antibióticos ou, mais raramente, de intervenção cirúrgica.
Pacientes que usam anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários devem informar ao endoscopista antes de iniciar o procedimento, para adequação ao exame, minimizando riscos adicionais.
4. PÓS PROCEDIMENTO
Após total recuperação da consciência, o paciente receberá as informações sobre o exame, como laudo escrito, orientação sobre biópsias coletadas ou procedimentos realizados (punções, injeção de substâncias), medicamentos adicionais quando necessários, e retorno ao médico solicitante.
A análise histopatológica será realizada por outra equipe, de anatomia patológica, em clínica conveniada com sua operadora de saúde.